segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Lugares mais altos

Sempre tive medo de altura.
Quando criança, evitava árvores, sacadas de prédios, enfim... Os brinquedos do Playcenter até hoje causam medo se eu ficar olhando. Detalhe: hoje já tenho vinte anos. Claro, nunca me arrisquei muito, por isso não sofri com ossos quebrados, por exemplo. Essa, aliás, é a parte boa em que não pensava: fui preservada por receio de me machucar. Mas sentia tanta vontade de subir!
Uma noite, fui levada a um parque de diversões. Devia ter uns oito anos de idade. Apesar de haverem outros brinquedos, meus olhos brilhavam para um só. Virei para minha tia e disse: "Quero aquele!". Ela prontamente atendeu ao meu pedido, entrando na fila. A cada passo que dávamos, minha ansiedade crescia. Quando finalmente entramos no carrinho, eu estava alegre e comemorando. De repente, ligaram o brinquedo. Uma onda de pavor se aproximou: eu não parava de subir! Comecei a chorar, mas sem fazer nenhum barulho. Respirei fundo e olhei para baixo.
Então, percebi estar numa montanha-russa. Fechei os olhos, temendo a velocidade e a altura.
Anos mais tarde, fui a outro parque de diversões com minha família. Vi um avião que subia bastante, e resolvi entrar...
Não acreditei: abri os olhos lá no alto, senti uma brisa suave, vi minha casa, as luzes da noite, as pessoas... só ali senti minha vontade saciada.
Depois, quando nasci novamente, entendi todos os propósitos. O medo não é de subir, mas sim de cair. E basta tomar cuidado.
Nasceu em mim o desejo de alcançar os lugares mais altos da minha vida...

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