terça-feira, 5 de outubro de 2010

Estresse também atinge crianças

O estresse é um dos males mais comuns nos dias de hoje. Tanto que é bem difícil encontrar um adulto que nunca tenha sofrido com isso pelo menos uma vez na vida.



Só que agora a doença, que muitas vezes é fruto de sobrecarga de obrigações e preocupações, tem abatido também as crianças e até bebês.

Pois é. O fato alarmante é observado cada dia mais por especialistas. Segundo a pediatra Patrícia Pessoa de Mello, da Beneficência Portuguesa de São Paulo, o estresse pode aparecer desde muito cedo, sendo comum entre os bebês com nove a 18 meses de idade. "Essa é uma fase de grandes mudanças na vida dos pequenos, como por exemplo, quando precisam se separar da mãe para começar a frequentar a escola", explica.

Aliás, as mudanças no cotidiano do pequeno podem mesmo causar um estrago no emocional das crianças. Tanto a separação de pessoas queridas e bastante próximas (os pais, normalmente), quanto o luto por alguém de quem ela gostava ou o início da vida escolar são situações completamente novas e inesperadas, difíceis de compreender e aceitar. Pior ainda são os casos de filhos que vivem num ambiente familiar hostil, onde falta amor, atenção e cuidado.

Fatores que deixam os pais estressados também tendem a abater seus filhotes. "As crianças estão vinculadas diretamente com seus cuidadores (pai e mãe) e todo sentimento de angústia que os pais sentem é passado para a criança", alerta a pediatra.

Além do mais, o excesso de preocupações costuma alterar o estado emocional dos menores. Então, os responsáveis devem ser muito cautelosos e cuidar para não deixarem seus filhos sobrecarregados, com muitas atividades diárias. "Nesses casos, os pais acabam esquecendo de que a criança precisa de um tempo para brincar, para desenvolver a parte lúdica. Além de ser divertida, a brincadeira é uma forma de relaxar", lembra Patrícia.

A criança estressada em geral dá vários sinais de que alguma coisa está errada. A médica recomenda que "os pais devem ficar atentos a mudanças do comportamento habitual de seu filho, se há um aumento da irritabilidade, teimosia excessiva, tiques nervosos, roer unhas, alteração do sono, instabilidade emocional, enurese noturna (xixi na cama) e várias queixas de dores". Outros possíveis sinais são a gagueira e a hiperatividade.

Detectada a presença de estresse, é bom que os responsáveis procurem um especialista, já que, como os pais são muitas vezes os causadores do mal nos filhos, será difícil lidar com o problema sem ajuda profissional. Mas é claro que a família terá um papel essencial durante o tratamento. "Para combater o estresse, é preciso procurar orientação psicológica adequada, psicoterapia, sessões de relaxamento, brincadeiras e passeios. Assim como o combate, a prevenção do estresse também se faz por meio de um ambiente seguro, agradável e divertido para a criança", finaliza Patrícia.

Por Priscilla Nery (MBPress)

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