A MÃO ABERTA
Não era um indivíduo que gastava muito dinheiro. Era só uma memória de algo distante vinte anos do dia de hoje. Esse devia ser o pensamento do garotinho ao meu lado. “O que caberia numa mão aberta? Anéis de ouro, prata, que lembrassem ancestrais, restos de batalhas. Sim, todas as guerras dos incas, maias, astecas, cabiam na mão. E continuava aberta a fim de continuar contando a História”, pensei, descontente com minha falta de profundidade.
Olhei aquele espelho de membro humano e não pude responder à pergunta da criança de pouco mais de cinco anos. Tudo o que o estranho monumento continha, a impressão que causava, toda a cultura expressa ali...
Então, o pobre órfão encarou-me, submisso e amedrontado. Logo notei que toda a história e complexidade de meus pensamentos talvez jamais lhe chegassem ao conhecimento. “É, a cultura faz isso com as pessoas”, conclui. Desprezando-o, perguntei:
- E você, o que acha daquela mão?
- Que está aberta para juntar muita gente que se ajuda...
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