segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Obesidade infantil e alimentação nas escolas

 Faz tempo que a obesidade e outras doenças deixaram de ser males exclusivos dos adultos e passaram a atingir os pequenos também. Por todo o mundo, cada vez mais crianças estão acima do peso. A própria Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que até o fim deste ano, a quantidade de crianças com menos de cinco anos que terão sobrepeso ou obesidade ultrapasse os 42 milhões.

O número é alarmante, em especial para os chamados países em desenvolvimento, como o Brasil, nos quais se concentram 35 milhões desses pequenos.



Outro exemplo desses países é o México, que está em primeiro lugar quando o assunto é obesidade infantil. Tanto que a nação pretende proibir alimentos com alto teor de calorias dentro das escolas.

Porém, ter crianças mais pesadas e doentes não é privilégio dos países mais pobres. Nos Estados Unidos, estima-se que uma em cada três crianças esteja acima do peso. Lá, o Congresso debate a "Lei sobre Alimentação Infantil", projeto organizado pela primeira-dama Michelle Obama e que também propõe a melhoria da qualidade de alimentos nos colégios.

Aqui no Brasil, uma ideia semelhante aguarda para se tornar lei. O texto de autoria da deputada Patrícia Lima (PR) e popularmente conhecido como "lei anticoxinha" foi aprovado ano passado pela Assembleia Legislativa e ainda está em andamento na maioria dos estados. O objetivo é impedir que alimentos de alto valor calórico e com gordura trans sejam oferecidos em cantinas e merendas escolares.

No Rio de Janeiro, uma lei estadual proíbe a venda de alimentos que contribuam para a obesidade infantil dentro de escolas desde 2005. No início deste ano, o governo de São Paulo finalizava um novo projeto que, com algumas modificações no texto, também tem por meta deixar a comida mais saudável nas instituições de ensino.

Mas alguns colégios brasileiros não esperaram alguma lei para começar a mudança dos hábitos alimentares de seus alunos. No Rio grande do Sul, uma cidade inteira substituiu produtos industrializados por outros produzidos por agricultores locais. O município de Dois Irmãos conseguiu até melhorar o desempenho dos alunos desde a implantação do projeto e foi citado numa reportagem do Jornal Nacional.

Na maior cidade do país, uma pesquisa ajudou a mobilizar instituições de ensino. A Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) estima que 33% das crianças e adolescentes com idade entre 10 e 15 anos que frequentam colégios particulares no município de São Paulo estejam acima do peso.

Por isso, escolas têm cortado frituras e doces do cardápio disponível nas cantinas, oferecido pratos saudáveis durante refeições e incentivado o consumo de comidas importantes que são, no geral, detestadas pelos pequenos, mas que contêm nutrientes indispensáveis para a manutenção do organismo humano.

No colégio Módulo, de São Paulo, uma ideia simples ensina as crianças a se alimentarem melhor. "Um exemplo prático é o projeto desenvolvido pelos alunos do 1º ano para tentar aprimorar o hábito da alimentação saudável, com utilização do lúdico, do prazer de aprender e participar, para quebrar os repúdios que as crianças têm contra alguns alimentos. O projeto começa com a criação de uma horta com cenoura, beterraba e espinafre", diz o diretor acadêmico da escola, Wagner Sanchez.

O aprendizado no colégio segue com o cultivo da horta e depois com o ensino de receitas que têm os vegetais como ingredientes principais. Por último, os alunos podem saborear o resultado, e costumam aprovar. "Todo este ritual leva boa parte da turma a ‘amar’ cenoura, beterraba e espinafre", comemora o diretor.

Ele conta que a escola toma outras medidas para diminuir o número de estudantes acima do peso, como a implantação de produtos diferenciados por faixa etária e de "Kits Lanches", inclusão de alimentos funcionais nas receitas dos itens preparados na cantina - farinha integral e linhaça nas massas dos salgados, por exemplo - e incentivo ao consumo de sucos em vez de refrigerantes.

Se outros colégios tiverem iniciativas para oferecer alimentos de mais qualidade ao público infanto-juvenil, os pequenos só têm a ganhar. Mas, como os hábitos familiares influenciam - e muito - na vida dos mais jovens, é bom se informar e dar prioridade aos alimentos com menos gorduras, açúcares e sal. Assim, mesmo que a escola do seu filho tenha aqueles lanches que não fazem nenhum bem para a saúde, ele não vai comer só besteiras o dia todo. E, quem sabe, ele opte por algo mais saudável por estar acostumado.


Por Priscilla Nery (MBPress)



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