quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Má qualidade do ar piora saúde de quem vive em grandes cidades

Morar numa cidade grande como São Paulo tem suas vantagens: lojas de todos os tipos, hospitais mais completos, colégios e universidades, cinema e teatro a qualquer hora. No entanto, a saúde da população em geral não é lá essas coisas, já que todos respiram um ar de qualidade comprometida.



A poluição não é novidade para nenhum morador de cidades mais urbanizadas.

Desde que os carros e fábricas chegaram a alguns locais, vêm despejando no ar mais e mais substâncias que, quando inaladas, fazem mal ao organismo humano. De acordo com o site oficial da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), os poluentes mais presentes na atmosfera são o dióxido de enxofre, monóxido de carbono, ozônio, hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio.

"Os principais problemas que a poluição causa à saúde são os respiratórios e os cardiovasculares", aponta Maria Alenita Oliveira, pneumologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo. Ela explica que sintomas como a falta de ar, tosse, queimação, irritação ocular e nasal estão relacionados a regiões com altos índices de poluição.

No geral, em metrópoles, o que mais contribui para diminuir a qualidade do ar é a alta quantidade de veículos. Eles são emissores de monóxido de carbono, que é altamente tóxico, e dióxido de enxofre que, quando inalado em quantidades razoáveis, pode causar irritação e até doenças crônicas no pulmão.

Nas estações frias, a coisa piora. Isso por causa da inversão térmica, um fenômeno no qual o solo esfria, e, por consequência, deixa a camada de ar frio sob a camada de ar quente. O ar quente funciona como uma tampa que impede os poluentes de se dispersarem. Conclusão: eles ficam acumulados na atmosfera.

Assim, com um maior nível de poluentes, as pessoas acabam inalando essas substâncias e sentindo os efeitos. Começam a tossir, espirrar, sentir irritação nos olhos, nariz, garganta, etc. Caso já tenham alguma doença respiratória, sofrem mais ainda com o frio. "É nessa época que os sintomas de males como a asma se manifestam com frequência. Até o número de internações aumenta no outono e inverno", diz Maria Alenita.

Outro tipo de paciente muito afetado pela poluição é aquele que trabalha circulando pelas ruas, como um motorista de ônibus ou um carteiro. "Por ficarem horas expostos à poluição principalmente proveniente dos veículos que trafegam nas grandes cidades, esses profissionais têm maior incidência de problemas respiratórios", afirma a pneumologista. A especialista explica que esses indivíduos também são obrigados a se expor em horários em que a qualidade do ar fica ainda mais baixa que o normal. O período crítico é em torno do meio-dia.

Para fugir de complicações na saúde, especialmente em tempos de frio, é bom tomar alguns cuidados: hidratação rigorosa do organismo, uso de soro fisiológico nos olhos e nas narinas para diminuir a irritação. Quem faz atividades físicas deve preferir o período da manhã ou final da tarde para realizá-las, para não inalar poluentes durante o período crítico.

Além disso, pessoas que sofrem de males respiratórios como bronquite, rinite alérgica ou sinusite precisam redobrar os cuidados, isto é, evitar ambientes com muito pó e ter acompanhamento médico, como ensina a Maria Alenita. "Quem tem essas doenças normalmente apresenta piora dos sintomas nas estações frias. Por isso, é importante procurar o médico assim que o paciente perceber que terá uma crise, por exemplo, para que essa crise seja controlada a tempo e ao implique em internação".

Lembrando que todos podem dar sua contribuição para inverter a situação. Usar o transporte público ou a bicicleta, em vez do carro, e não adquirir produtos com gases que prejudiquem a camada de ozônio são atitudes simples e que podem melhorar a qualidade do ar nas grandes cidades.

Por Priscilla Nery (MBPress)

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