segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Viagem de metrô



Como muitas garotas de cidade grande, pego o metrô para trabalhar. É ótimo naõ precisar usar - nem esperar, principalmente - ônibus. O tempo de viagem é reduzidíssimo, levando em conta o fato de que atravesso a cidade.

Há pessoas andando, correndo atrasadas. Fico brava todas as vezes que o trem parte bem na hora que chego na plataforma. Corro para entrar, mesmo quando estou adiantada.As pessoas olham para mim...

Sim, os passageiros olham para qualquer um que entre no vagão. Minhas unhas compridas e vinho, minha blusa com alguns dizeres chamam à atenção sem que eu realmente goste disso. Sento-me em algum canto isolado, ou me equilibro de pé, sozinha, de novo.

Tantas futilidades. Mais tarde, consigo me sentar um pouco, depois que um casal se levanta. Olho para a janela da mesma forma quando aparece o nada ou alguma pessoa numa plataforma de estação. Só quero esquecer, passar sem que ninguém veja. Mas não consigo.

De repente, uma cena me tortura do lado de fora. Por que tantos casais pra aparecer, por quê? Olho novamente o nada, sem nada ver. Agora, a ferida está exposta de novo. Olho para meu reflexo no vidro, esgotada. as lágrimas querendo sair em meio aos estranhos. Porém não saem.

Olho para meu futuro, cansada. Finalmente, a viagem termina. E posso mergulhar em outros textos, para sentir certo alívio. Até quando?